sábado, 23 de abril de 2011



De que me vale a carne,
Que parece bela...
Se nela não há temperos?
De que me vale a mente,
Se ela só mente?

A carne pede recheios
O peito serve de curtume
Vão-se maturando recheios

O tempo leva e enleva
A larva alarga...
A alma entrelaça;
A carne: à espera...

Já não há espaços
Para a limária
Que seria o limbo...
Do que já está límpido.

 Cláudia L.

terça-feira, 15 de março de 2011

Só você

Meu zelo
É pelo que habita
Em teu peito
Ele, um tanto vazio
Eu, sorrateiro... Esgueiro
Faço buscas...
E o enfeito.
Amarro em nós:
Lembranças meninas,
Amores possíveis,
Desejos vivíveis
Saudades felizes,
Tudo guardado,
Bem assegurado
Para que suas batidas
Sejam bem vívidas!

Cláudia L.

Segredo

Meu segredo

Hoje guardo um segredo,    
Mais seu do que meu...
Guardado ele jaz

Verdade velada,
Que imito ignorar...
Muito embora,
Haja horas em que penso
O destino de Pandora imitar!

Cláudia L. & L. A.

Imperfeição

Imperfeita sigo...
A cada dia me sonego
À vida, pouco empresto
De tudo o que poderia:
Tempo, passos, rastros e...
Nada enlaço.
Rumo à deriva
Sigo indecisa...

Cláudia L.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Colheita

Ah, Vida sem sentido!
Tempos e espaços percorridos,
Por onde não se domina os sentidos.

Acontecimentos aleatórios
Compõem seus rios
Correntezas ascendem...

Encontros. Desencontros.
Esperas vãs
Puro mistério
Desvendados passo a passo.

A cada amanhã...
Do sentido que não se domina,
Que sentido se busca?

Pela falta do sentido,
Do que está programado
E fica depositado no campo do interrompido!

E então, o que vai tecendo a vida?
Resíduos?... Do que foi interrompido
E do menos que fora concluído?

Eis, que surge o tecido,
Matéria insolúvel... Retalhos!
Pelas costuras de tantos idos...

Cláudia L.

Um barquinho de papel se foi...
Nele contém devaneios,
Brotados do tinteiro,
De um ser que buscou
Extrair-se por inteiro!

 
Cláudia L..

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Encontro rasurado

Madrugada fria.
Cama vazia...
Ela sem nada esperar.
Pela audição, ouve seu coração!

O silêncio é quebrado.
Eis que ele chegou,
Vinha da escalada.
Não buscava por um nada.

Ela deixava a porta aberta,
E pelo som foi desperta.
A madrugada se aqueceu...
Corpos embevecidos.

Com os sentidos aguçados.
Ela mergulhou em seus braços.
Não era um desconhecido e
Reconhecia seu abrigo.

Uma nova dança surgia...
Olhos, bocas, corpos
Embalavam um ritmo com maestria!
No leito... Agora cheio...
Ouvia palavras de amor.

O dia nasceu, mas tivera sido nada!
Muito menos o amor.
Mesmo assim, ela saiu sem rumo...

Tentou sentir algum vestígio,
Seguiu alguns passos...
Mas, a cada espaço e à luz do dia,
As sombras se misturaram e
O tempo entre eles dois
Ficou cada vez mais espaçado...

Ela voltou, sentou e esperou.
Tentou falar, mas sua voz não ecoou.
Sem nada alcançar,
Tudo voltou ao vazio.
No entanto, ela já não suportava o frio.

Resolveu sair dos braços de Morfeu...
Àquele suposto amor, disse adeus.
Calçou seu mais lindo sapato...

Lá vai ela, pelos próprios passos,
Quer gerar novos compassos.
Não aquece mais os ouvidos,
Com palavras em pó, solto e vazio
Que possam gerar qualquer tipo de frio.

Cláudia L.

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